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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

MINUTO DE PAPO



Falando em línguas e outros idiomas nos terreiros, barracões e igrejas
Esses dias surgiu uma conversa entre umbandistas e candomblecistas que me chamou a atenção...
As pessoas estavam comentando sobre o quanto tal Babalorixá falava bem e cantava bem em Yorubá...
Daí uma delas comentou: Será que ele sabe exatamente o que ele está cantando e falando? Ou ele apenas aprendeu as cantigas e as rezas e apenas fica repetindo?
Daí uma outra respondeu: Eu acho que ele não sabe o que está falando e cantando não... Porque senão, quando ele fosse falar com os Orixás ele falaria em Yorubá... E a pessoa disse que sempre que ele fala com os Orixás ele fala em Português...
E aí me perguntaram o que eu achava sobre tudo isso? E se realmente era necessário ficar usando o idioma em Yorubá nos barracões e terreiros...
Então achei interessante escrever um texto sobre este assunto...
Provavelmente vai ser um texto longo e bastante polêmico... Mas muito interessante, pois vamos conversar aqui sobre o porque sim de algumas coisas e o porque não de outras coisas...
Vamos começar com um livro milenar, que é a Bíblia...
Vocês lembram que algumas igrejas evangélicas, alguns pastores e bispos ficam falando numa “pseudo” língua dos Anjos? Que são palavras que não são ditas em nenhuma língua? E que na verdade ninguém sabe o que está sendo dito?
Pois bem, alguns anos atrás fui pesquisar na Bíblia onde e porque deveriam esses pastores e bispos falar em línguas ditas dos Anjos... Onde ninguém entende nada e não tem qualquer tradução...
E encontrei na Bíblia um alerta que achei bastante interessante e construtivo:
1 Coríntios 14: 9-16
“Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar.
Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação.
Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim.
Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja.
Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar.
Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto.
Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.
De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes?”
Resumindo pessoal, ou seja, ou você sabe o que está falando, rezando e cantando ou de nada adianta para você e para as pessoas que estão ali junto de vocês, se não houver alguém que interprete e traduza aquilo que está sendo dito e cantado...
Ou seja, não edifica, não constrói.
Sim, nestas três décadas que acompanho a umbanda e o candomblé, também já fiz estas perguntas...
Pesquisei e verifiquei que pelo menos de 80 a 90% de Babalorixás, Iyalorixás e médiuns que cantam e rezam em Yorubá ou qualquer outro dialeto africano, não são fluentes nestas línguas e a grande maioria também sequer pesquisou a tradução do que se é rezado e cantado...
Daí fica aqui a pergunta que não quer calar: Se não sabem o que estão cantando ou falando, por qual motivo insistem em querer usar dialetos africanos para se realizarem os rituais?
Mesmo porque, ao engano de muitos, os Orixás não são de exclusividade africana... Os Orixás são do Universo Divino... São planetários... Pertencem a todo o mundo... São Cósmicos... Portanto, com certeza, os Orixás falam todas as línguas do planeta terra... Não tendo necessidade alguma de ter que falar com eles em dialeto africano...
Vejam, nos tempos antigos as igrejas católicas e protestantes, bem como, a Bíblia, eram faladas, rezadas e escritas em várias línguas: aramaico, hebraico, grego, latim... E durante os séculos foram sendo traduzidos para a língua nativa de cada povo...
Claro, porque senão ficavam todos rezando e cantando orações e cantos que ninguém entendia... (assim como o mundo inteiro canta músicas em inglês e outras línguas e pelo menos 95% das pessoas não sabem a tradução e o significado das músicas).
Quem já não viu nos barracões os Babás e Iyás, Ekédis e Ogãs, falando em português com os Orixás incorporados?
Vocês vão notar, se prestarem atenção, que mais de 90% é assim... Falam em Português com os Orixás para fazerem uma coisa ou outra... Não é mesmo?
Ora, se os Orixás apenas entendessem dialetos africanos, não seguiriam os pedidos feitos...
Desta forma, não é necessário se falar ou cantar em dialetos africanos para cultuarem os Orixás...
Por qual motivo será então que os barracões e terreiros insistem em usar dialetos africanos?
Vários são os motivos, uns motivos bastante louváveis, outros motivos bastante desnecessários...
Vamos tentar listar estes motivos, com certeza, não serei o dono da verdade, nem vou me lembrar de todos... Mas, com certeza, estes aí abaixo estarão na lista dos motivos:
Motivos louváveis:
- Sustentar e guardar as tradições e ensinamentos que sábios africanos trouxeram para o Brasil e para o resto do mundo.
- Ensinamentos adquiridos de Sacerdotes africanos no passado.
- Proteger e guardar ensinamentos contra charlatães.
- Por respeito e carinho aos ensinamentos dos antigos Sacerdotes.
- Por querer mostrar respeito aos Orixás, porém, sem um motivo real.
- Entre outros motivos que são: pelo amor, carinho, respeito, fundamentos e ensinamentos.
Motivos desnecessários:
- Monopolizar e guardar em segredo apenas para si rituais e ensinamentos dos Orixás, com o intuito de alienar e escravizar os iniciantes.
- Por querer mostrar aos participantes que os mesmos são dependentes dos Babalorixás e Iyalorixás.
- Querer aparecer para os visitantes tentando assim se mostrar melhor do que os outros...
- Por ego exacerbado e soberba.
- Uma forma de enganar e iludir participantes, visitantes e consulentes.
- Entre outros motivos mais que todos nós já conhecemos das falhas humanas nas religiões...
Vejam, diante dos motivos acima, que na verdade ambos existem, fica claro e ao mesmo tempo difícil de se identificar quais são os motivos reais usados por muitos... Ou mesmo, quando os Sacerdotes se utilizam de todos eles para se impor diante das situações...
Eu mesmo, pouco uso dialetos africanos... Mesmo porque, me conscientizei de que antes de estar falando besteiras (sim, porque também noto muitos Sacerdotes cantando e fazendo rezas com palavras erradas e pronúncias erradas... Porque os mesmos, na verdade, aprenderam por osmose... Ou seja, aprenderam a repetir cantigas e rezas como as pessoas aprendem a cantar músicas em inglês, sem sequer saber o que estão dizendo...) e/ou coisas que eu não sei o significado, prefiro antes, saber a tradução, mas, ainda acho que é melhor se eu quiser sair por aí falando e gastando dialetos africanos, ter vergonha na cara de me exigir e me cobrar que antes eu aprenda a ser fluente na língua.
Como tenho sempre comentado, falar em dialetos africanos não faz o médium ou Sacerdote ser verdadeiro, apenas sabem falar em dialeto africano... Que, só para lembrar a África inteira sabe falar... Não é mesmo? Os ladrões africanos, os bandidos, os pedófilos, os corruptos, os psicopatas africanos falam em Yorubá... E nem por isso são Sacerdotes, médiuns que carregam o Axé e nem por isso são verdadeiros... Aliás, há uns 15 anos atrás, vi de perto dois africanos que se diziam ser filhos de Xangô e de Ogum e que muitas pessoas batiam cabeça para eles, porque os mesmos andavam com suas roupas coloridas e contas, se dizendo, Sacerdotes do Candomblé (vi até filhos de santo, médiuns, bolarem de santo só por eles passarem na frente destas pessoas... hahahah... Que fiasco...).
Mas, pasmem, os dois eram traficantes e contrabandistas e foram presos pela Polícia Federal uns 6 meses depois de estarem no Brasil... Entendem o que eu digo?
Esse é o problema...
Para não ficar muito longo, vamos pedir aos nossos Orixás, sabedoria, discernimento e acima de tudo misericórdia quando fizermos mal uso dos ensinamentos... E vamos nos policiar no sentido de sempre evitar com que o ego, a petulância, a arrogância, o se achismo, a soberba, não façam parte de nossas vidas espirituais...
Motumbá, motumbá asè!
Mukuiú! Kolofé!
Mojubá!
Pedindo a benção de todos e abençoando a todos...
Sem os cuidados de querer estar me preocupando em escrever corretamente nas línguas africanas...
Mesmo porque, no meu coração e no meu espírito, o Axé ou o Asè para mim, tem o mesmo valor e peso espiritual...
Assim como, o Orixá de todos com “X” e o Orisà de todos com “S” abençoe a nós todos!
Fiquem tranquilos na fé, fiquem tranquilos no Axé verdadeiro, acreditem no que é verdadeiramente de coração e íntimo com os Orixás...
Só assim, estaremos no caminho certo...
Texto copiado:
Babalorixá Pai Odèsi de Oxóssi.

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